quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Tic-Tac

Minha família não é muito rica. Meu pai perdeu o emprego recentemente, e a minha mãe estava trabalhando em turno dobrado para nos manter. As vezes, minha mãe brincava, falando o quanto seria mais fácil se eu nunca tivesse nascido. Eu nasci com um caso muito grave de asma. Estou melhor agora, mas ainda tomo as medicações. As vezes, quando podemos, compramos doces e balas de menta com o salário extra. Outro dia, fui ao supermercado e peguei vários sabores de Tic-Tacs. Tirei um cochilo durante a longa viagem de carro para casa.

Quando acordei, o meu pai já estava quase acabando de levar as compras para dentro e empilhando nas prateleiras do armário. Na prateleira de baixo, guardávamos os Tic-Tacs e nossos remédios para asma. (Minha mãe também tinha asma) Na prateleira do meio guardávamos todos os nossos copos, garrafas e os meus velhos copinhos infantis. A prateleira de cima ficava fazia, exceto por algumas aranhas e talvez ratos. Assim que o meu pai acabou de encher as prateleiras, peguei um frasco de Tic-Tac, e como sempre, derrubei dez ou onze em minha boca. Foi totalmente indolor, em minha afobação nem mesmo pude perceber o lacre rompido do primeiro frasco que eu peguei e nem a leve diferença no sabor de menta. De qualquer forma, eles não esperavam que eu sobrevivesse depois de ter tomado todas aquelas pílulas contra asma. 

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